sábado, 30 de abril de 2011

Sem título


Foi aos 15 anos que eu tomei um certa decisão na minha vida, que mudou tudo, tudo não, mas quase tudo. Achei que estava na hora de mudar. Mudar pra quê? Nem eu sabia, mas queria. E querer já era o bastante. Eu morava em Guarabira, cidade do interior da Paraíba. Um belo dia cheguei em casa e disse “Mãe, eu quero estudar em João Pessoa”.  Pra uma mãe que só tem uma filha, é mais do que difícil ficar longe dela e eu entendi o NÃO como resposta. 

Depois de muita conversa e analise. O NÃO virou SIM, e o êxodo aconteceu. Fui embora pra João Pessoa. Primeiro passo foi convencer a minha mãe e esse já estava resolvido. O segundo passo era encontrar uma escola pra eu estudar. Rodei atrás de um colégio e acabei no Motiva, típico colégio burguês. Galera estranha, cada um com seu grupinho, cada um mais rico que o outro...

Foi aí o meu erro. Troquei os pés pelas mãos. Deixei amigos, amigos verdadeiros e família pra ir pra longe [nem tão longe assim], onde eu tinha que começar, digamos que, do zero. Me enturmar no meio de gente que se conhecia a anos foi o mais difícil. Eu era uma intrusa no meio daquele povo tão diferente dos meus velhos amigos de Guarabira. Tive que conviver com a saudade. Tive que sentir falta, pra da valor.

Dessa época de Motiva, só tenho contato hoje com 3 pessoas, pra terem noção. Passei despercebida  por  lá. Os professores e diretos só devem lembrar de mim porque uma vez eu roubei um boletim, que só podia ser entregue aos pais, e minha mãe jamais podia ter o prazer de vê aquela obra prima. Mas Dona Sônia, a diretora, descobriu. Chamou a minha mãe na escola pra contar tudo e ainda me intitulou de ladra e marginal. Então, ela jamais pode esquecer uma pessoa mal caráter com eu, que passou pela escola dela.

Eu podia ter evitado tudo disso e ter ficado em Guarabira mesmo, com a minha família e com todos os meus amigos fazendo aquela zueira de sempre. As coisa acontecem na vida gradativamente, na hora certa de acontecer. Não adianta antecipar momentos. Eu antecipei muitos, que podiam ter esperado. Eu sempre gostei de ir além, e sempre gostei de me arriscar pra vê no que dá. Mas as coisas não podem ser assim. É perigoso.

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1 comentários:

Michelle Louzeiro Nazar disse...

Primeira vez que passo por aqui..mas achei seu blog incrível, sobretudo este post, já que vc compartilhou sua angústia por ter antecipado fatos. Mas vc fez o que queria no momento, pense assim, mas sei bem como dói isso..já antecipei toda minah vida até hoje..acredite. Beijinhos e parabpens pelo blog ;-)